Descarbonização da cadeia de suprimentos: o desafio e a oportunidade das empresas brasileiras
- Antonio Clark Portinho

- Nov 13
- 4 min read
A descarbonização da cadeia de suprimentos é um dos principais desafios - e também uma das maiores oportunidades - para as empresas brasileiras que desejam se manter competitivas em um mercado global cada vez mais orientado pela sustentabilidade.
Embora o tema ainda pareça distante para muitos negócios, ele já está no centro das exigências de grandes corporações, investidores e regulamentações internacionais. Afinal, em média, até 70% das emissões corporativas de gases de efeito estufa (GEE) estão associadas à cadeia de valor, e não às operações diretas das empresas.
Em um cenário de transição para uma economia de baixo carbono, entender, medir e reduzir essas emissões indiretas é um passo estratégico para qualquer organização que queira permanecer relevante.
O desafio: descarbonizar o que está além do controle direto
Descarbonizar a cadeia de suprimentos significa atuar sobre o Escopo 3 das emissões de GEE, que engloba tudo o que ocorre antes e depois da operação direta da empresa, desde a extração de matérias-primas e o transporte de insumos até o uso e o descarte dos produtos.
O desafio está justamente aí: coletar dados confiáveis de fornecedores com diferentes níveis de maturidade climática. Em muitos casos, os fornecedores ainda não possuem inventários próprios, o que dificulta a padronização das informações e o cálculo das emissões.
Além disso, a falta de sistemas integrados e de métricas comuns torna o processo complexo e demorado, especialmente em cadeias longas e descentralizadas. É por isso que muitas empresas acabam limitando suas ações de descarbonização ao Escopo 1 (emissões diretas) e Escopo 2 (energia comprada), deixando o Escopo 3 em segundo plano. Um erro que tende a custar caro nos próximos anos.

As pressões do mercado e da regulação
A pressão por descarbonização vem de todas as direções.
No campo regulatório, o CBAM (Carbon Border Adjustment Mechanism), mecanismo de ajuste de carbono na fronteira da União Europeia, já impõe tarifas a produtos intensivos em carbono exportados de países que não possuem políticas climáticas equivalentes. Isso afeta diretamente exportadores brasileiros de setores como siderurgia, alumínio, cimento e energia.
No mercado, grandes multinacionais vêm exigindo de seus fornecedores inventários de emissões, metas de redução e comprovações de práticas ESG. Empresas que não se adaptarem correm o risco de perder contratos e competitividade.
Em resumo: a descarbonização da cadeia de suprimentos deixou de ser um diferencial e se tornou um requisito.
Oportunidade: transformar o desafio em vantagem competitiva
Apesar das dificuldades, o movimento abre espaço para inovação e crescimento.
Empresas que iniciam cedo sua jornada de descarbonização conseguem identificar ineficiências, reduzir custos operacionais, otimizar o uso de energia e materiais, além de fortalecer sua reputação e atrair investimentos.
Ao engajar fornecedores em metas climáticas, a empresa não apenas contribui para um futuro mais sustentável, mas também constrói uma cadeia de valor mais resiliente, transparente e integrada.
Em muitos setores, estar à frente nessa agenda já significa acesso preferencial a grandes contratos, tanto no Brasil quanto no exterior.
Case de sucesso: ENGIE Brasil Energia e a centralização de dados da cadeia de suprimentos
Um exemplo inspirador desse movimento vem da ENGIE Brasil Energia, a maior empresa de energia 100% renovável do país.
Em 2024, a companhia enfrentava um grande desafio: aprimorar a coleta e o cálculo das emissões de gases de efeito estufa dos seus fornecedores, responsáveis por quase 80% das emissões totais. Com o objetivo de engajar sua cadeia a assumir compromissos de descarbonização, a ENGIE lançou o Programa de Descarbonização de Fornecedores, voltado àqueles que, juntos, representavam mais de 90% das emissões da sua cadeia de suprimentos.
Foi nesse contexto que a Descarbonize entrou em cena, oferecendo uma solução completa de software e suporte consultivo para padronizar e organizar as informações da cadeia.
Todos os fornecedores participantes passaram por um onboarding estruturado, com o apoio direto da equipe Descarbonize, o que garantiu a consistência dos dados e facilitou a inserção das informações na plataforma.
O resultado foi um dashboard centralizado, que permitiu à ENGIE visualizar e acompanhar em tempo real as emissões de sua cadeia, transformando um processo antes complexo e descentralizado em um sistema eficiente, transparente e integrado.
Com dados estruturados de 27 fornecedores, responsáveis por 70% das emissões da cadeia de suprimentos da empresa em 2024, a ENGIE otimizou sua gestão de emissões e conquistou reconhecimento nacional e internacional. Para 2026, a intenção é aumentar a abrangência para algo próximo a 100 fornecedores, avançando ainda mais na descarbonização da cadeia de suprimentos.
O Programa foi premiado pelo Pacto Global da ONU - Rede Brasil, na categoria Guardiões Pelo Clima, e também recebeu destaque no 31º Prêmio Expressão de Ecologia, em 2025, na categoria Gestão Ambiental.

Esses reconhecimentos reforçam não apenas o compromisso da ENGIE com uma cadeia de valor mais sustentável, mas também a efetividade da Descarbonize em apoiar a gestão de emissões indiretas com tecnologia e consultoria especializada.
Como as empresas podem começar sua jornada de descarbonização
A experiência de empresas como a ENGIE mostra que a descarbonização da cadeia de suprimentos é possível e traz resultados concretos. Para iniciar esse processo, as organizações podem seguir quatro passos essenciais:
Mapear a cadeia de valor e identificar os principais emissores.Entender onde estão os maiores impactos é o primeiro passo para agir com foco e eficiência;
Calcular o Inventário de Gases de Efeito Estufa (Escopos 1, 2 e 3).Essa base de dados é essencial para definir metas realistas e mensurar progresso;
Engajar fornecedores na agenda climática.Incentivar o compartilhamento de dados e o comprometimento com metas conjuntas é fundamental;
Compensar as emissões residuais com créditos de carbono certificados.Um passo que complementa as ações de redução, permitindo neutralizar impactos enquanto a transição avança.
A Descarbonize apoia empresas em todas essas etapas, da mensuração à compensação de emissões, por meio de tecnologia, consultoria especializada e créditos de carbono verificados, ajudando organizações de diferentes portes a transformar o desafio da descarbonização em uma vantagem competitiva.
A descarbonização da cadeia de suprimentos não é apenas uma pauta ambiental: é uma questão estratégica de negócio.

As empresas que se antecipam às regulações, adotam ferramentas de monitoramento e envolvem seus fornecedores nessa jornada estarão mais preparadas para os novos padrões do mercado global, fortalecendo sua reputação e ampliando suas oportunidades de crescimento.
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